sábado, 4 de junho de 2011

Patos e besouros

Eu comentava sobre os dois tipos de leitura que o jovem faz atualmente: uma é a linear, outra é aos saltos. Esta é típica da modernidade, do hipertexto; aquela, à moda antiga, é a exigida em concursos. Em suma, o aluno pratica um tipo de leitura, é até estimulado a fazê-lo, e depois é avaliado linearmente.
Claro que a leitura de um mesmo assunto, concebida através de diversas mídias de comunicação, torna-se muito mais atraente, muita mais rica, em virtude da pluralidade de pontos de vista. Isto, sabemos, pode ocasionar perda de foco, fazendo que estas leituras percam em profundidade: tem-se muito e assimila-se pouco, comentei. Foi quando o meu aluno Matheus me saiu com esta - É como o pato, né professor, que tem asas e voa mal, tem nadadeiras e nada feio- aí eu completei: tem um baita gogó e não canta coisa nenhuma.
Chegando a casa fiquei ruminando esta ideia de o pato ter tudo e não ser de nada. Fiz uma analogia então com o Curso que venho fazendo na Uff, sobre educação a distância. Reconheço o esforço da Direção desta instituição em dar tudo de bom e de melhor para o nosso aluno distante do calor humano. Mas, pensei, será que não estaríamos preparando patos a distância? Não estaríamos somente dando asas e nadadeiras sem ensinar basicamente a nadar e voar? Será que os nosso alunos a distância não seriam um pouco parecidos com os nossos pupilos do ensino presencial, que adoram um desafio? Vamos lá: se o ensino a distância ainda é uma incógnita, por que tanta certeza em dizer que a aula X vai dar certo? Sei não, a natureza, esta eterna professora, deu-nos o pato, que tem tudo e não é de nada, e o besouro, que mal consegue andar, mas voa! Pois é...

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