quarta-feira, 6 de julho de 2011

Os dois alunos

Não gosto de generalizar. Mas às vezes dá uma coceirinha no cérebro e pronto: lá estou eu brincando com o vernáculo e com as minhas definições, que não são nada definitivas. Outro dia, no último COC, estávamos falando sobre bipolaridade, dislexia, hiperatividade, esses probleminhas atuais da galerinha. Pois bem, (às vezes rio de mim mesmo) saí com esta:

-Gente, na verdade, existem dois tipos de aluno: o atento e o atentado.
Todos rimos e não me contive, completando: "os atentos são filhos de pais atentados e os atentados são filhos de pais atentos".
Brincadeiras à parte, mas se pensarmos bem, notaremos que este jogo de palavras tem tem um fundamento, se atribuirmos uma conotação diferente a "pai atentado". Se concebermos este pai como um sujeito rígido, que não dá tréguas aos filhos, que exige, cobra, reclama e não se satisfaz com qualquer resultado, na certa teremos como consequência filhos atentos, zelosos, ávidos de saber, portanto argutos. Por outro lado, se entendermos como "pai atento", aquele que dá tudo ao seu pimpolho: roupa de marca, muito mimo, tecnologia de ponta, psicólogo, "personal trainner", professor particular, muita tolerância nos desacertos, com certeza teremos em sala de aula como consequência do excesso de permissividade-bipolaridades, hiperatividades, desinterese. Como havia dito lá em cima, são generalizações, mas que tem um certo fundamento, isso tem!

sábado, 4 de junho de 2011

Patos e besouros

Eu comentava sobre os dois tipos de leitura que o jovem faz atualmente: uma é a linear, outra é aos saltos. Esta é típica da modernidade, do hipertexto; aquela, à moda antiga, é a exigida em concursos. Em suma, o aluno pratica um tipo de leitura, é até estimulado a fazê-lo, e depois é avaliado linearmente.
Claro que a leitura de um mesmo assunto, concebida através de diversas mídias de comunicação, torna-se muito mais atraente, muita mais rica, em virtude da pluralidade de pontos de vista. Isto, sabemos, pode ocasionar perda de foco, fazendo que estas leituras percam em profundidade: tem-se muito e assimila-se pouco, comentei. Foi quando o meu aluno Matheus me saiu com esta - É como o pato, né professor, que tem asas e voa mal, tem nadadeiras e nada feio- aí eu completei: tem um baita gogó e não canta coisa nenhuma.
Chegando a casa fiquei ruminando esta ideia de o pato ter tudo e não ser de nada. Fiz uma analogia então com o Curso que venho fazendo na Uff, sobre educação a distância. Reconheço o esforço da Direção desta instituição em dar tudo de bom e de melhor para o nosso aluno distante do calor humano. Mas, pensei, será que não estaríamos preparando patos a distância? Não estaríamos somente dando asas e nadadeiras sem ensinar basicamente a nadar e voar? Será que os nosso alunos a distância não seriam um pouco parecidos com os nossos pupilos do ensino presencial, que adoram um desafio? Vamos lá: se o ensino a distância ainda é uma incógnita, por que tanta certeza em dizer que a aula X vai dar certo? Sei não, a natureza, esta eterna professora, deu-nos o pato, que tem tudo e não é de nada, e o besouro, que mal consegue andar, mas voa! Pois é...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Maresias

Vítima de uma tremenda ensolação, tive uns delírios e cheguei a pensar que havia me tornado um grande navegador. Cheguei a beber goles de alegria. Ledo engano. Sou do mar, mas nada sei de náutica. Conheço o movimento das marés, respeito as fases da lua, ouço o vento da noite e a brisa da manhã. Mas não conheço bússolas nem astrolábios. Não conheço as normas técnicas que estão a gerir as novas marés.
Hoje, não sei por que, senti um enjoo dessa náutica que não tem cheiro. Vou procurar uma praia deserta e repensar o meu papel nesta estranha viagem. Aliás, se ontem eu andava transbordando e hoje me resseco, deve ser porque sou água viva em movimento constante. E nada pode me deter. Não vou, não quero mais essa coisa nojenta que te solta e te cobra como preço da tua liberdade a tua prisão. Já não estou mais aí com vocês: fui pegar um sol de verdade e sentir cheiro das coisas essenciais.
João

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sonho de Bamba

Oi, gente,
                                               "Hoje eu estou cheio de alegria/ E sou até capaz de me embriagar"
                                                                                                                               ( João Nogueira)
Vocês querem saber o motivo? Não é que consegui entrar no ambiente? Parece que vou poder realizar (ufa!) as minhas tarefas! Mon Dieu! Ensaio e erro mesmo. Antes, porém, agradeço aos empurrões do Tutor Aírton e da amigona Regina.
Mas o grande lance foi o caminhar. Este caminhar tortuoso que às vezes zombava de mim, apontando na direção do "eu desisto". Como sou chato pra caramba, fui quebrando a cara e cheguei lá. Aí, lembrei as palavras do colega José Hélio sobre o domínio das novas tecnologias:  é uma atividade "quase intuitiva". Pois é, ele diz que navegar pela Web 2.0 é uma molezinha.  Tem razão. Aliás, tem quase razão. Quase naufraguei ao embarcar neste barco das aulas 5 e 6. Ainda bem que consegui começar. Tem nada não, vou fazer como recomenda Paulino da Viola:  
"Faça como o velho marinheiro/Que durante o nevoeiro/Leva o barco devagar"
Jotabê

sábado, 14 de maio de 2011

Eta, tempo!

Vamos nós quixotescamente enfrentando nossos moinhos, tentando domá-los, antes que venham reduzir nossas "ilusões a pó", como diz Cartola. Estou aqui de saída -gostaram?- para notificá-los que ainda não tive tempo para montar o meu perfil-imagina- nem para fechar as minhas ideias pigeantes. Mas como sou muito cricri com os outros, procuro sê-lo comigo também. Eu morro de raiva quando isto acontece. Ah, sim, é sobre a minha tarefa que quero falar.
Pois bem, quando cito o poeta Paulo Mendes Campos, cometo um equívoco trocando "depressa" por "rápido". Portanto leia-se então " Quem vê o depressa perde o devagar". Esses lapsos ocorrem quando estamos realizando tarefas "para ontem". "A pressa é inimiga da perfeição". Só que a modernidade não está em busca da perfeição e sim da precisão. Na verdade não estamos interessados em quem pintou a zebra, mas se sobrou alguma tinta, não é mesmo? 
Na época em que cunhou esta frase o poeta trabalhava como cronista do jornal "Correio da Manhà", aqui no Rio. A novidade era "Leitura Dinâmica" e seus vários cursos que entraram em moda na altura. Claro que um homem sensível como são os poetas, afeitos aos detalhes, não se deixaria levar por modismos.
Ainda pretendo discutir este assunto aqui sem "perder o devagar".
Neste momento meu de saída mesmo estou sentindo na carne os versos da canção "Todo Sentimento" de Chico Buarque e Cristóvão Bastos, quando o letrista diz "Preciso conduzir/Um tempo de te amar/ Te amando devagar e urgentemente."

quarta-feira, 11 de maio de 2011

imagem.PIGED.doc

Ambientes Virtuais e Mídias de Comunicação :: Tarefa da Semana 4
Aluno: João Batista de Alcantara
Polo:  Tarumã
Assunto: O aproveitamento das imagens na EAD
Ferramenta escolhida: compartilhamento de arquivos: fotos
Objetivos a serem atingidos
1.          1. Refletir sobre as potencialidades de algumas ferramentas da Web 2.0 que podem solucionar ou problematizar o processo ensino-aprendizagem na EAD.
2.         2. Identificar as vantagens e limitações das imagens dentro e fora de textos e contextos.
3.         3. Relacionar diferentes linguagens constantes nas imagens estáticas.
4.         4. Determinar a proficiência da palavra quando associada à imagem.

Link do trabalho

Seguindo a orientação do Curso, tentaremos levar para o nosso Blog pigeantes uma questão levantada na Aula 4a :
Como abordar o uso educacional da Web 2.0 de modo mais motivador para os alunos de maneira que o foco não recaia sobre a tecnologia, mas sim, nos temas trabalhados.

A palavra já morreu?
Nas páginas 5/6/da Aula 4a, temos “alguns exemplos da Web 2.0 e algumas sugestões de uso educacional”. 
O que pudemos notar foi que a palavra ganhou com a nova Web elementos reforçativos que poderão torná-la mais atraente na construção do saber com contornos didáticos. A palavra agora pode vestir roupa, ter uma forma, um desenho, um gráfico. A imagem entra na palavra como elemento decorador.  Quando  a sabedoria popular afirma que uma imagem fala mais que mil palavras, está coberta de razão: descrever uma imagem em sua totalidade é uma tarefa complexa, porque ela diz muito. Mas vai depender do ponto de vista do observador. Justamente por ela dizer muito é que se torna subjetivo o seu entendimento. A imagem só pode ser vista como elemento reforçativo da mensagem, quando é concebida previamente pelo engenho humano com um determinado propósito: levar uma mensagem que possa ser verbalizada, isto é, transformada em palavras.  Tomemos como exemplo a imagem abaixo:


A imagem é simples. Trata-se de uma foto montada a partir de uma carteira de cigarros em forma de urna mortuária. Aplausos para a criatividade de quem a concebeu. Esta imagem traz implícitas mensagens do tipo “O fumo mata”, “Pare de fumar” e similares.  É uma mensagem condensada previamente concebida: traz um projeto gráfico econômico com a figura deslocada para o lado direito, talvez para sugerir que este hábito deve ser posto de lado. São suposições. No uso das cores, o seu idealizador deu show, já que a tonalidade cinza faz um link com os restos mortais do cigarro, que por sua vez remete à idéia de cremação, portanto também a cinzas que indiretamente que liga à concepção religiosa de que “do pó viemos e ao pó voltaremos”. Creio que outras ilações podem ser feitas ou não. Vai depender do olhar de cada um.
Por outro lado temos uma foto artística do pôr do Sol no Rio, com vemos abaixo:

Esta fotografia diz muito mais que a fotomontagem anterior e ao mesmo tempo não diz nada. Se não houver a palavra direcionando para aquilo que o produtor da imagem deseja ou de quem dela se apropriar, a leitura desta imagem será um devaneio passível de inúmeras mensagens.   Trata-se de uma foto artística em que seu captador mostra casualmente o mágico instante crepuscular a que todos nos acostumamos.
Entretanto, se for bem direcionada, poderá render bons frutos.             
Suponhamos que seja um professor de Ciências que pretenda dar ênfase ao  conteúdo “Os quatro elementos da natureza” ou um professor de Artes  elucidando linhas  retas e curvas  expressivas ou mesmo um aluno que se proponha a dar um exemplo de Interface numa aula da EAD: todos terão um bom êxito. Nestes casos a imagem seria  lida com o foco definido, com objetividade através da palavra dos professores e do aluno. Para tal é necessário que estes saibam relacionar idéias, conteúdos e concentrá-los na força comunicativa da imagem. Ah, e muito importante: é necessário que os leitores dessas imagens ( alunos e professores) tenham capacidade de concentração para se debruçar sobre a imagem e fazer, a partir dela, conjecturações.  Isto vai de encontro à forma saltitante de leitura do nativo digital. Nada contra. Muitas vezes lemos assim. Mas pelo fato de sermos egressos do ensino presencial aprendemos com o Poeta Paulo Mendes Campos que “Quem vê o rápido perde o devagar”. Só para confirmar as palavras do poeta, fiz uma impressão da imagem do cigarro e levei para sala de aula, em forma de desafio de leitura. Haja vista que meus alunos são nativos digitais, de classe média alta, com seu Smartphones, GPS, etc. Pois bem: a primeira leitura “O fumo mata” foi consensual. Porém ninguém se arriscou a comentar sobre a mensagem das cores. Por quê? Porque entraram no texto com vontade de sair. Quando informados sobre a possibilidade de outras leituras, seus olhos brilharam. O que me leva a crer que não seja a imagem em si que fale mais alto, e sim o seu potencial, a forma pela qual foi projetada. Aí vejo uma contribuição inestimável da disciplina “Ambientes Virtuais e Mídias de Comunicação”.
Pensamos que as duas formas de se trabalhar imagens se prestam ao projeto pedagógico da EAD. Tanto imagens culturais, com mensagens definidas, quanto imagens extraídas de ambientes naturais, com objetivos didáticos linkados via criatividade, obedecendo sempre ao princípio da contextualização, da adequação, da relação pertinente, do bom senso e do bom gosto.

Não há dúvida de que “uma grande quantidade de dados pode ser condensada numa simples visualização”. Por conta desta possibilidade, concordamos com Nascimento et al. (2005) Aula 4b página 8 quando diz que o processo de visualização precisa ser explorado e testado.
Explorado e testado para que possamos avaliar o seu placar final. Neste jogo de novidades só pode haver um vencedor. Naturalmente que torcemos pelo  nosso aluno.
Este é apenas um olhar de eterno aprendiz. Escravos do saber que somos, receberíamos de  bom grado o som de outras vozes, outra contribuições.
Referências
AMBIENTES VIRTUAIS E MÍDIAS DE COMUNICAÇÃO. Aulas 4ª e 4b; http://WWW.lanteuff.org



terça-feira, 10 de maio de 2011

Nós, eternos pigeantes

OK, Regina, você venceu!
Eis-me aqui, lançando-me na primeira aventura de cibernauta. Se navegar é preciso, aqui estamos nós, pigeantes, rumo ao desconhecido. Assim o fizeram os grandes navegadores, singrando os "mares nunca dantes navegados", assim o fazemos nós, professores, tutores, alunos na grande busca do saber cuja dimensão ainda ignoramos. Estamos no mesmo barco a traçar novas rotas, a conceber a melhor trajetória a ser percorrida com a nossa tripulação. Você, Regina, é meio que o meu timoneiro; você sabe segurar os tombos da embarcação. Eu sou apenas um velho marinheiro que conhece o mar, apenas o mar. Nada sei de Náutica. Nos antigos navios piratas contava-se uma anedota que dizia que papagaio velho não aprende a falar. Não sei se vou chegar lá. Por isso estou aqui, ao sabor do vento, à espera de uma calmaria. Quem sabe assim eu não chegue logo a um porto seguro?
Jotabê